quarta-feira, julho 26, 2006

Tristeza


Tristeza
Que me invade os sentidos
A solidão é um convite
À morte dos dias

Lágrima que já não cai
Olhar dormente vazio
Nas últimas horas dos dias

Sofrimento
Que já não tenho nem sinto

Tu... ilusão, condeno
Feitiço quebrado
Aurora negra

És meu sangue parado
Morto, vidrado

Vazio
Tudo deixou de ser
De estar, de existir

Resta-me o vazio
Do meu olhar parado
Cálido, num corpo sem vida

Sentir
Qual sentir?
Se já não sinto quem sou
Nem sinto quem és, o que és
Ao que vens

Em mim nada habita
Nada floresce
Geada de pedra cresce
Erva daninha

São meus braços troncos
Estéreis, frios
Onde tudo finda

Fecundo é o mar que lava a alma
Na noite negra do meu baptismo
Rosa dos ventos
Perdida seara...
O fogo purifica os corpos
O mar os olhos...


Tristeza
É amar sem ser amado
É nunca ter sabido amar
É estar só e não saber ser gente

Tristeza
É ser tudo e não ter nada
É ver quem passa
Não tendo para onde ir também

Tristeza ... ah tristeza
É ter um sentimento que já não tenho
É saber-se nu sem ter o que vestir
É saber-se amado e não amar

És triste tu
Que só, continuas tua vida
Condenando a minha
Forma estranha de viver

Sábias palavras
Só é triste quem quer ser

Eu invento-me e renasço
Num mergulho profundo
No centro da terra
Pelo mar subo
Ao fim de mim

E quando julgares que é esse o meu fim
Estarei olhando quem passa
Rindo miséria e chorando alegria
Pois eu serei sempre assim

Retirado daqui.

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