quinta-feira, dezembro 04, 2008

O NOSSO MUNDO


O NOSSO MUNDO

Eu bebo a vida, a vida, a longos tragos
Como um divino vinho de Falerno!
Pousando em ti o meu olhar eterno
Como pousam as folhas sobre os lagos...

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Os meus sonhos agora são mais vagos...
O teu olhar em mim, hoje, é mais terno...
E a vida já não é o rubro inferno
Todo fantasmas tristes e pressagos!

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A vida, meu amor, quero vivê-la!
Na mesma taça erguida em tuas mãos,
Bocas unidas, hemos de bebê-la!

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Que importa o mundo e as ilusões defuntas?...
Que importa o mundo e seus orgulhos vãos?...
O mundo, amor! ... As nossas bocas juntas!...


Florbela Espanca

quarta-feira, novembro 05, 2008

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"Deixando cair suavemente olhares de prata, derramei a teus pés pétalas de luar"

quinta-feira, outubro 30, 2008

Lágrimas ocultas



Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...


E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!


E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...


E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!


Florbela Espanca

segunda-feira, setembro 29, 2008

Sabes do que é que eu não gosto nada?


De quando te vais embora e eu fico a ver-te partir...
a pouco e pouco, até desapareceres por entre a escuridão...