quarta-feira, agosto 23, 2006


Saudades

Saudades! Sim... Talvez... e porque não?...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte
Que bem pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!

Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão!

Quantas vezes, Amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!

E quem dera que fosse sempre assim:
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!

Florbela Espanca

quinta-feira, agosto 03, 2006

Saudades


"Sinto saudades.
Sim, de ti.
Pergunto-me o que pensas…
O que estarás neste momento a desenhar nas telas da tua imaginação.
Será que ouves o meu voo de Fénix em redor dos teus dedos?
Arrasto os pés em mais uma das minhas viagens.
Todos os meus projectos falhados pesam-me nas costas.
Mesmo os que não chegaram a nascer.
Como tenho saudades…
Das tuas palavras, dos teus beijos,
dos teus braços em redor da minha cintura
a cingir-me contra o teu peito.
Das ânsias pela tua chegada que nunca aconteceu realmente.
Preciso de ti, entendes?
Preciso que me faças de novo acreditar no amor,
na chegada de um amanhã mais limpo, mais belo, mais sorridente.
Preciso que inscrevas o meu nome em todas as tuas paredes,
inebriado de amor e desejo…
Em noites como esta, solitária, fria,
em que os meus braços me apertam num abraço desesperado penso-te também sozinha, perdida em mim e na forma que dás aos meus olhos.
Tenho saudades…
Tenho saudades de mim nos teus sonhos."
.
Retirado daqui.