quinta-feira, setembro 27, 2007

Hoje...


...apetece-me cumprimentar a lua de olhos fechados...

sábado, julho 21, 2007

Vazio


Há dias como o de hoje... Vazios...

quinta-feira, junho 07, 2007

Será?...

Há muito tempo um
mago
disse-me que
as palavras se
gastam...
Será?

Saudades...


quarta-feira, junho 06, 2007

Existes???

Quantas vezes dou por mim a olhar para ti... Para esse rosto perfeito, para esses olhos fechados e observar-te no teu sono... Quando acordas é como se o mundo acordasse, olhas para mim e abraçamo-nos. Um abraço forte, tão forte... De suster a respiração e ao mesmo tempo o coração acelerar! Entretanto o nosso olhar encontra-se, tens um olhar tão bonito. Digno de um anjo... E digo que te adoro, olhando-te nos olhos. Mas não era isso que eu queria dizer. O que o meu olhar diz é que te amo. Sim, eu AMO-TE! Como sei isso? Sei e pronto... Quantas vezes te disse isso com o olhar! Tantas... E nem reparaste... Volto a dizer que te adoro (sempre a querer dizer que te amo!)...


Abraçamo-nos de novo... As lágrimas brotam, nos meus olhos formam-se dois rios negros. Não sei porquê. Talvez por saber que és um sonho e não querer acordar... Não, não quero acordar...


Existes??? És um sonho??? És um desejo???

terça-feira, maio 01, 2007

Fim!!


O fim... Onde está? Tento avistá-lo mas não o alcanço.

Talvez se corresse o encontraria depressa... E aí poderia abraçá-lo...

O fim... Parece-me distante... Talvez esteja a seguir à próxima curva!

Talvez...

segunda-feira, abril 30, 2007

O talho



Às vezes é preciso talhar...

Deixar sangrar até quase morrer.

É preciso escoar a alma, porque ela cresce a cada centésimo de segundo.

Pode-se implodir!

A dor do talho faz transcender a matéria, ver as entranhas, respirar o cheiro da própria carne.

Ver a cor do próprio sangue faz lembrar que se está vivo, mergulhando no vermelho da carne, mórbido e sereno ao mesmo tempo, corrente...

A dor traz o suplício do perdão de qualquer erro, por através dela se fazer entender que ninguém passa de um ser vivo, complexo, porém humano.

E ainda se ver assim, é algo esplêndido, régio diria.

É melhor escoar, quente, depois frio, depois coagulado...

É preciso ver a cicatriz para entender o que a dor fez mudar: uma cicatriz, uma história.

E a consciência de saber que o talho foi provocado, pode ser o preço para se subir um degrau, ou, dependendo da profundidade do corte, vários!

Mas é a prática do "talhar" que contempla a magnitude deste ato tão sublime e nobre.

Um talho, só se faz pela segunda vez no mesmo local, se não foi bem feito da primeira vez, e isso é um desperdício de tempo, sacrifício, prazer e, sobretudo, espaço.

O talho que se vale deixa cicatriz, não marca.

Deixa beleza, não amargura. Deixa experiência, não nostalgia.

O talho que se preza revela, sobretudo a dor do sofrimento íntimo no escôo, na hora necessária, exata e crucial para uma renovação do fluxo vital a reabilitação carnal depois de um aviltamento espiritual.

O talho não tem que ser grande, nem largo, nem profundo... Apenas intenso.

O talho não tem que ser no corpo, mas na alma. Pois só ela transcende a matéria para que se possa apreciar tal ato.

Talhar não é tolher, é libertar.

É preciso silêncio e solidão.É preciso ritual, concentração.

Para o talho é preciso antes de tudo consciência para que não haja arrependimento, uma alma escoada, não poderá ser recuperada, nem deve ser essa a intenção.


(Mirrofer)

Talvez...


Apetece-me subir ao cimo dum monte, abrir um buraco fundo e deitar todos os medos, dragões, pesadelos, dores...

Talvez não conseguissem fugir depois de enterrados e sepultados...

Talvez o vento forte os dissipasse para longe...

Talvez o frio gélido os congelasse para sempre...

Talvez não me perseguissem mais...

Talvez...

CASTELÃ DA TRISTEZA


Altiva e couraçada de desdém,

Vivo sozinha em meu castelo: a Dor!

Passa por ele a luz de todo o amor...

E nunca em meu castelo entrou alguém!


Castelã da Tristeza, vês?... A quem? ...


- E o meu olhar é interrogador --

Perscruto, ao longe, as sombras do sol-pôr...

Chora o silêncio... nada...ninguém vem...


Castelã da Tristeza, porque choras

Lendo, toda de branco, um livro de horas,

À sombra rendilhada dos vitrais?...


À noite, debruçada, plas ameias,

Porque rezas baixinho? ... Porque anseias?...

Que sonho afagam tuas mãos reais?


Florbela Espanca

segunda-feira, março 26, 2007

Sometimes


Como eu gostava de ter uma pedra

no lugar do coração...

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

O sepulcro e a rosa


O sepulcro diz à rosa
Que fazes tu flor mimosa
Do orvalho da alva manhã?
Diz a rosa à sepultura:
Que fazes feia negrura de tanta forma louça?
Negra tumba, segue a rosa
Eu, dessa água preciosa
Faço aroma que é só meu.
Diz-lhe a tumba com afago
De cada corpo que trago
Ressurge um anjo no céu.

Victor Hugo

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Amar é sofrer


"Amar é sofrer. Para evitar sofrer não se deve amar. Mas então uma pessoa sofre por não amar. Portanto, amar é sofrer. Não amar é sofrer. Sofrer é sofrer. Ser feliz, é amar. Ser feliz, então, é sofrer. Mas o sofrimento faz-nos infelizes. Logo, para se ser infeliz é preciso amar, ou amar para sofrer, ou sofrer por se ser demasiado feliz."

Woody Allen

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Lágrimas ocultas


Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era q'rida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
.
E a minha triste boca dolorida
Que dantes tinha o rir das Primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
.
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
.
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!
Florbela Espanca

domingo, fevereiro 11, 2007

Possuir-te


Possuir-te: é tudo,
já não desejo mais nada!
É sentir veemente a felicidade eterna,
é sentir a tua chama iluminar a minha caverna!
É ligar-me a cada momento na tua balada,
é estar a correr na estrada da paixão sem prudência!
É querer ser o teu pranto só para escorrer de emoção,
é prender-me ao assassinar de ciúme a solidão,
é ter receio de conviver com a tua ausência!
É viver como majestade e ser o teu servo,
é tornar-me numa melodia que acalenta a alma,
é ficar num oásis e beber o teu mel!...
Possuir-te: é tudo!
(adaptado)

quarta-feira, janeiro 24, 2007

Este inferno de amar

Este inferno de amar - como eu amo! -
Quem mo pôs n'alma... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida - e que a vida destrói -
Como é que se veio a atear,
Quando - ai quando se há-de ela apagar?
Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... - foi um sonho -
Em que paz tão serena a dormi!
Oh! Que doce era aquele sonhar...
Quem me veio, ai de mim! Despertar?
Só me lembra que um dia formoso
Eu passei... dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela? Eu que fiz? - Não no sei;
mas nessa hora a viver comecei...
Almeida Garrett