segunda-feira, abril 30, 2007

CASTELÃ DA TRISTEZA


Altiva e couraçada de desdém,

Vivo sozinha em meu castelo: a Dor!

Passa por ele a luz de todo o amor...

E nunca em meu castelo entrou alguém!


Castelã da Tristeza, vês?... A quem? ...


- E o meu olhar é interrogador --

Perscruto, ao longe, as sombras do sol-pôr...

Chora o silêncio... nada...ninguém vem...


Castelã da Tristeza, porque choras

Lendo, toda de branco, um livro de horas,

À sombra rendilhada dos vitrais?...


À noite, debruçada, plas ameias,

Porque rezas baixinho? ... Porque anseias?...

Que sonho afagam tuas mãos reais?


Florbela Espanca

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